Meu filho tem alergia a proteína do leite de vaca: o que devo saber sobre o Teste de Provocação Oral com Leite de Vaca



 

Meu filho tem alergia a proteína do leite de vaca: o que devo saber sobre o Teste de Provocação Oral com Leite de Vaca

 

Introdução

A alergia alimentar atinge entre 5 e 10 % das crianças e o leite de vaca é um dos principais alérgenos alimentares na infância.

O diagnóstico preciso de alergia alimentar e o reconhecimento do alérgeno é fundamental para evitar reações adversas graves e para garantir uma dieta adequada.

Para cumprir o desafio de um diagnóstico preciso, algumas etapas são importantes. A anamnese ou entrevista com a criança e a família precisa ser bem detalhada.

Realizamos o teste de puntura e exames de sangue. Se ainda temos dúvidas sobre o diagnóstico ou para definir se a criança vai tolerar os alimentos extensamente cozidos com leite de vaca (Baked) ou não, temos que realizar o Teste de Provocação Oral (TPO).

O teste de provocação oral com leite de vaca é um dos métodos clínicos mais utilizados para confirmar a alergia, e essencial para o manejo adequado da condição.

 

1. O que é o Teste de Provocação Oral com Leite de Vaca?

 

O TPO com leite de vaca é uma técnica de diagnóstico utilizada para confirmar a suspeita de alergia ao leite em pacientes, especialmente em crianças. Consiste na administração controlada e gradual do leite de vaca, de acordo com protocolos previamente estabelecidos.

Ele ocorre sob supervisão médica contínua e em ambiente preparado para tratar a ocorrência de sintomas alérgicos.

O objetivo é verificar se o paciente desenvolve reações adversas após a exposição ao alérgeno, permitindo ao médico avaliar se a alergia está presente e em que grau.

Cada caso é único e a finalidade do TPO também. Pela análise de vários fatores, incluindo a idade da criança, histórico clínico, resultados dos testes anteriores, gravidade das reações prévias o teste poderá ser realizado por exemplo, para reintroduzir o alimento na dieta.

 

 

 

 

2. E o procedimento como acontece?

 

• O teste de provocação oral com leite de vaca é realizado em um ambiente médico, onde há equipamentos e pessoal adequados para lidar com possíveis reações alérgicas.

• O paciente deve evitar a ingestão de qualquer alimento que contenha leite de vaca por um período pré-determinado, normalmente de 2 a 4 semanas, dependendo da recomendação médica.

 

• Sugerimos um jejum de duas horas antes de iniciar o teste.

 

• Antes do início do teste, o paciente é examinado e após uma avaliação clínica que tem que ser normal, realizamos o teste.

 

 

• Portanto se a criança não estiver bem, por exemplo gripada, com crise de asma e/ou febril, não poderá realizar o TPO e remarcaremos seu teste.

 

• Durante o procedimento, começamos o teste com uma pequena quantidade e, em seguida, aumentamos a quantidade oferecida gradativamente a cada 20 minutos. A resposta após a ingestão do leite é monitorada de perto para detectar sinais de reações alérgicas imediatas ou tardias. As doses e intervalos são ajustadas individualmente.

 

 

• Após a ingestão da última etapa a criança ou adolescente permanecerá em nossa clínica por mais duas horas em observação, para possíveis reações alérgicas mais tardias.

 

3. Porque é importante fazer o TPO?

O teste de provocação oral com leite de vaca é considerado padrão ouro para a definição do diagnóstico de alergia ao leite em crianças.

Temos que lembrar que muitos dos sintomas associados à alergia podem ser inespecíficos e se assemelhar a outras condições clínicas.

Sem dúvida a história clínica, testes cutâneos e os testes sanguíneos, são ferramentas úteis na triagem inicial, mas podem ocorrer resultados falsos positivos ou negativos, tornando o teste de provocação oral a abordagem mais confiável para confirmar ou descartar a alergia.

Ele também tem grande utilidade para definir se uma criança alérgica ao leite de vaca, pode ou não tolerar os

Alimentos baked, como biscoitos, pães e bolos que contenham o leite.

 

4. Abaixo sugerimos algumas dicas para os nossos pacientes e famílias que irão realizar o TPO:

 

 Converse com o Médico: Antes do TPO, sintam-se a vontade de esclarecer suas preocupações e dúvidas. Compreender o processo ajudará todos a se sentirem mais preparados e confiantes para realizar o desafio.

 Busque informações confiáveis sobre o TPO e alergia ao leite de vaca, lendo artigos médicos.

 Prepare-se para a Possibilidade de Reações: Esteja ciente de que reações podem ocorrer durante o TPO. Saiba que estaremos lado a lado caso ocorra qualquer sintoma alérgico e estamos preparados para iniciar as medidas de emergência.

 É muito raro, mas são relatadas reações mais graves e até desfechos fatais durante o procedimento, nesse caso o paciente será encaminhado para um Hospital.

 Mantenha o Filho Confortável: Leve brinquedos, livros ou outros objetos que ajudem a distrair e acalmar seu filho durante o teste.

 Leve Lanches e Bebidas: Tenha lanches e bebidas favoritos do seu filho disponíveis, podemos ter que utilizá-los caso seja necessário ¨mascarar¨ o gosto do leite.

 Nos informe qualquer desconforto ou sintoma que o seu filho apresente.

 

 O TPO pode levar várias horas para ser concluído. Leve itens que ajudem a passar o tempo, como livros ou atividades para você também.

 

 Mantenha-se Calma(o) e Tranquila(o): a sua atitude irá afetar diretamente seu (sua) filho(a). Vamos todos manter um ambiente calmo e positivo.

 

 Celebre os Pequenos Progressos: Reconheça e celebre os pequenos e os grandes progressos que seu filho fizer durante o TPO.

 

 Durante o TPO vamos respeitar os limites de cada criança e adolescente e compartilhar a decisão de cada etapa do procedimento

 

 Vamos nos preparar para os resultados do TPO. Porque mesmo que o TPO seja positivo e a dieta necessite continuar por mais um período, essa etapa foi vencida e temos uma Jornada com muitas possibilidades pela frente!

 

 Se possível planeje uma pequena recompensa ou atividade especial após o TPO para incentivar e recompensar seu filho pelo esforço durante o teste.

 

 

Referências Bibliográficas

 

Sampson HA. Utility of food-specific IgE concentrations in predicting symptomatic food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2001 Jan;107(1):89103.

 

Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: Epidemiology, pathogenesis, diagnosis, and treatment. J Allergy Clin Immunol. 2014 Feb;133(2):291-307.

 

Fiocchi A, Schunemann H, Ansotegui I, Assa'ad A, Bahna S, Canani RB, Bozzola M, Dahdah L, Dupont C, Ebisawa M, Galli E, Li H, Kamenwa R, Lack G, Martelli A, Pawankar R, Said M, Sánchez-Borges M, Sampson H, Shamir R, Spergel J, Terracciano L, Vandenplas Y, Venter C, Waserman S, Wong G, Brozek J. The global impact of the DRACMA guidelines cow's milk allergy clinical practice. World Allergy Organ J. 2018 Jan 4;11(1):2. doi: 10.1186/s40413-017-0179-7. PMID: 29308116; PMCID: PMC5753480.

 

RAQUEL PITCHON; ADRIANA PITCHON